16 de dezembro de 2013

Meu peito pesa um quilo, como se fosse papel preso sob pedra, penas sob chumbo.
A respiração não flui, não flui minha corrente sanguínea.
Estática, passiva, submissa a mim mesma e minha falta de desejo.

Silêncio. Silêncio interno. Mas não é paz, é confusão, é o caos silencioso.
Destroços, pedaços, peças que não se encaixam.
Silêncio. Sombrio silêncio que me aprisiona.

Estampidos. Sorrisos não dados. Silêncio calado.
Shhhiiiuuuu!




19 de setembro de 2013

Mulheres em matilha

Mulheres parindo.
Mulheres sangrando.
Mulheres amando.
Mulheres criando!
Mulheres, ah, mulheres. 

Tão frágil sozinha porque mulher é bicho que vive em matilha.
Tão forte em grupo!

É, entendo porque temem tanto a força de um útero que sangra e não morre.
Que gera e se fortalece. Dos seios que alimentam, que inundam de amor.

Ah, as mulheres! 

11 de setembro de 2013

Ciranda da Vida

A roda gira, gira sem parar.
A minha está no fim já é hora de acabar.
Fazer uma limpeza é preciso. É preciso tirar a sujeira. Separar o joio do trigo.
Aceitar o que precisa morrer. Só assim o novo vai nascer.
Tudo que morre já nasceu e ainda vai nascer. Tudo que nasce já morreu e ainda vai morrer.
Aceite, se entregue. Entregue as dores e os prazeres. Entregue as lágrimas e os sorrisos.
Aceite a luz que inunda todo o ser. Ela precisa de espaço para viver. 
Vez ou outra as sombras surgirão. Aceite as sombras dê permissão.
Encare as sombras, converse com elas e então as deixe ir.
Tudo que flui permanece limpo. Tudo que corre permanece vivo.
A morte da espaço para vida. E setembro é meu mês de morrer.
Logo é também mês de nascer. 
limpe, separe, destralhe... aceite, se entregue, confie.

miopia d'alma

Meus olhos vêem borrões. Imagem etérea e só. Se esforçam, focam. Forçam um zoom...Nada. Só uma imagem sem cor.
Pego o óculos. Agora vai. Não foi.
Respiro fundo. Tento de novo, puxo a imagem para perto.
Bem perto, a encaro nos olhos. 
Fecho os olhos com força. Abro. Nada.
Distância. Longe. Não reconheço. 
Míope. Míope d1alma. Tão distante de mim que não vê o que meus olhos vêem.
Ou será perto demais para enxergar?
Onde estão os óculos da minha alma?
Quero ver o mundo de verdade.
Estar nele. Senti-lo. Tocá-lo.
Enxergar o que preciso encarar.

Aceitar. Conhecer. Entregar. VER!

O que eu preciso ver dentro para voltar a enxergar para fora?
O que essa alma míope insiste em querer me dizer não me deixando ver?

Me conte. Sussurre nos meus sonhos. Me mostre nos meus dias.

Que eu volte a enxergar a vida fora do peito. 

[des]conheço

Tem dias que só um abraço resolve todos os problemas, um toque dissipa a escuridão e nos enche de esperança. Um olhar mais delicado para iluminar o caminho acompanhado de um sorriso doce para lembrar que alguém nos ama.
Vem, vem me lembrar que tudo vai ficar bem. Já temos tanta coisa boa para recordar, para que focar nas ruins?
Sorri para mim, me olha no fundo dos olhos e me mostra que você ainda enxerga a minha alma. Você ainda enxerga? 
Quando foi que parou de me ver? Quando foi que eu parei de me ver? Quando foi que eu parei de te ver?
Sinto falta de saber dos seus medos, de conhecer suas sombras, sinto medo de não te ver mais, não de verdade. Quando foi que sua alma se fechou para mim? Em que dia seu mundo se separou assim do meu?

"Tão perto, tão longe, qual morada de monge..."

Súperfluo

Um a um vão se desabotoando as presilhas, dedos enfiados na carne para botar a alma à mostra.
Desce o zíper da pele para olhar bem fundo no peito.
Ei, olha só! Quanta coisa para se ver aqui dentro de mim.
Me dá essa faca preu abrir melhor e espaçar os órgãos para te mostrar.
Tá vendo? Me revelo para você, minuto a minuto.
Você nem enxerga. Nem percebe.

Ah! Descobri uma dor nova, vem apreciá-la comigo? 
Tá vendo como tá enraizada no peito? Ali escondida, atrás de tanta lembrança.
Não vê?

Veja só, acabei de relembrar esse trauma. 
Achei que já tinha sido superado, mas que nada, tava ali, atrás da poeira do dia a dia.
O quê? Ocupado demais para perceber.

Quantos preconceitos! Caramba, quanto machismo. Credo, que horror!
Tantos lugares comuns, e essas frases feitas? 
E esse pensamento rasos? Olha só, esse monte de hipocrisia bem na minha cara.

Tudo aqui. Descoberto para você me ver.
E você continua ai, sem me ouvir, sem me ver.
Enxergando esse monte de pele, parando onde os olhos chegam.
Escutando só o vazio. Tocando só o concreto.
Inalando só o perfume sintético. 
Supérfluo.





das contrações

Vem bem dolorida, abre espaço para passar. Se entrega ou se quebra. Dói quando se nega, é preciso aceitar.
Aceita e confia. Pensa na tua cria pedindo passagem para chegar.
Ondas de solidão cobram sua dependência, gritam sua impotência, rogam compaixão.
Grita, esperneia, mas deixa te abraçar. Vem dor, vem contração, nem pede permissão. Mergulha em Sedna, abraça Hecate. Ouve seu chamado. Mata a filha. Da passagem. Lá vem ela sem rodeios é a mãe nascendo em partes. Mais um pouco e outra dessa traz o seu rebento. Seu pequeno, seu amor. Tudo então se apaga com a luz daquele olhar. Do peito jorra amor, do ventre jorra a luz. 
As ondas nunca param...

Amor que mata (em verso)

O coração bate delicado, um, dois.
Dois, um. Bate aqui no peito.
E o sangue corre calmo
Segue o ritmo, a cadência.

Até que numa noite de domingo
Chega nessa vila, um sorriso
Um amigo. Que faz o peito acelerar.

em noite escura, bem faceira.
Sem alarde, forasteiro.
Faz o coração vibrar.

Vibra quente, forte. frágil.
Num suspiro arfante um beijo 
Haveria de roubar

Beijo roubado, negado, calado.
E o peito ensandecido em um urro dolorido haveria de sangrar.
Tanto amor custa me a vida.
Em um grito arrependido coração deixa de pulsar.

Amor que mata

Ah! Se eu soubesse dizer o que se passa no meu peito você me abraçaria de tal jeito que tudo se apagaria em um infinito instante. 
E esse sujeito tempo congelaria o relógio todo envergonhado de afastar sua mão da minha.
Só um abraço seu, talvez  um beijo, um cheiro e um dengo e toda arte tecida em verso se dissiparia num silêncio mudo, se encolheria amuada. Olharia longe da estrada tudo que deixei para trás calada só para te ter comigo.
Só um abraço seu e o mundo pararia de girar, estacionado ouviria o meu sussurro ao pé do teu ouvido.
Dos lábios entreabertos um sorriso reservado para quem soubesse amar. O meu peito ensandecido em um urro dolorido haveria de sangrar.... 

...tanto amor custa me a vida.
Sorriu um sorriso apagado com os olhos aguados e medo de ver. Com o peito cansado tão acostumado a sofrer. Chorou lágrimas caladas, sem colo nem pele. abraço ou carinho para se preencher. Morreu a esperança e toda a dança que lhe fez crer que o amanhã era claro brilhante, sadio e cheio de vida para lhe envolver. A morte rondava por entre as estradas ao amanhecer, silêncio vazio, escuro vadio. Morre. 

trégua

quero mais espaço vazios.
mais pontos, vírgulas e reticências.
quero mais entrelinhas.
mais silêncios.
pausas longas.

quero uma trégua.




10 de setembro de 2013

...só...

Sozinha entre tantos.
Só. Só eu. Sozinha comigo mesmo.
Onde me escondi?

Solidão da alma bate forte 
Coração vibrando em outro peito.
De outro jeito.

Bate. Bate.
Um dois. Dois um.
Cadê eu?

Silêncio na batida.
Sumi.

Me perco. Descrente.
Será que eu volto para mim?

8 de setembro de 2013

Costura mal feita

Me sinto só. Um ponto sozinho em uma costura mal feita.  Ilhada e sem socorro. Solidão. Onde afastei a ajuda? Em que ponto me desprendi da costura?

5 de setembro de 2013

Miopia?

Meus olhos vêem borrões. Imagem etérea e só. Se esforçam, focam. Forçam um zoom...Nada. Só uma imagem sem cor.
Pego o óculos. Agora vai. Não foi. Respiro fundo. Tento de novo, puxo a imagem para perto. Bem perto, a encaro nos olhos.
Fecho os olhos com força. Abro. Nada.
Distância. Longe. Não reconheço.
Míope. Míope da alma. Tão distante de mim que não vê o que meus olhos vêem.
Ou será perto demais para enxergar?
Onde estão os óculos da minha alma? Quero ver o mundo de verdade. Estar nele. Senti-lo. Toca-lo. Enxergar o que preciso encarar. Aceitar. Conhecer. Entregar. VER!

O que eu preciso ver dentro para voltar a enxergar para fora? O que essa alma míope insiste em querer me dizer não me deixando ver?

Me conte. Sussurre nos meus sonhos. Me mostre nos meus dias.

Que eu volte a enxergar a vida fora do peito. 

1 de setembro de 2013

que seja

Não me importa mais ser objetiva, concisa.
Já não almejo o bom senso.
Deixo de lado toda argumentação.
Que é em vão.

Me reconstruo em bases menos sólidas, mais tórridas.
Entre o sentido, o senso e o tempo me desfaço.

Por ora, só quero ser...
É o que me basta.



Não sou quem quero ser


Não sou quem quero ser, sou melhor.
Quem quero ser foi forjado por esse cultura que limita,
Que aleija.  Que massacra.
Deturpada cultura.

Quem quero ser corresponde a um ego machucado.
Uma alma repartida.
Quem eu sou vai além. Além dos padrões, das certezas.

Quem quero ser tem referência. Segue outros. Se espelha.
Quem eu sou não tem igual. É livre. É puro, sem interferência.

Não sou quem quero ser.
Ainda bem.