20 de abril de 2014

Meu corpo pede movimento.
Pede ondas, tremulações.
A água flui, meu sangue flui.
Eu fluo, a vida flui.

Fluindo. Segue.

Pedras retiradas do meu caminho.
Tensões eliminadas.
Fim.

Para ter um novo começo.
Renascer.
Reviver.
Viver.

Até onde vai?
Até onde eu vou?
Importa? Eu só quero ir.

'passos leves compassados, no compasso desse tempo.
pegadas leves ritmadas'

Eterna reestruturação.
É assim que me sinto. Me re-costurando a cada minuto.
Parte de mim até gosta de ser assim, mas cansa. Cansa muito gastar tanta energia mental em cada passo.

Mas não adianta, por mais cansada que esteja, sinto que preciso disso. Preciso rever, refletir, re...re...re...  renascer a cada ciclo.

Preciso olhar para toda essa bagunça que eu crio e tentar colocar as coisas de volta para o lugar.

Das transições

Uma transição é um período em suspensão.
É como segurar o ar, deixar de respirar por um tempo.

Suspensão. Sem respirar.
Um silêncio barulhento. Ruídos desordenados.

Enquanto o ar não entra, o corpo se deteriora.
Se desfaz, se desmancha.

Necessário? Será que é necessário essa destruição?
Faz parte do processo de transição?

O antigo se desfazendo para dar espaço para o novo?
Será que ao invés de tentar a revitalização o caminho é o desapego e a eliminação?

Enquanto estamos no nosso processo pela conquista da nossa casa vejo roupas, brinquedos, objetos se desfazendo na desordem da casa depósito.

O caos toma o físico, da casa e do corpo.
Tudo que é material perdido em um caos.
Pensamentos e palavras se escondem na desordem.
Ideias se enroscam nos pedaços espalhados.

O ar se prende, se agarra no peito.
A lógica some.
O racional se desliga e os sentimentos vêm sem filtro.
Medo, desespero, aflição.

Deterioração.
Tudo se desfaz.
Para ser reconstruído?
Mas aí, será tarde demais?

O ar sai sorrateiro. Mas a sensação ainda é de falta de oxigenação.
Suspiro.


16 de dezembro de 2013

Meu peito pesa um quilo, como se fosse papel preso sob pedra, penas sob chumbo.
A respiração não flui, não flui minha corrente sanguínea.
Estática, passiva, submissa a mim mesma e minha falta de desejo.

Silêncio. Silêncio interno. Mas não é paz, é confusão, é o caos silencioso.
Destroços, pedaços, peças que não se encaixam.
Silêncio. Sombrio silêncio que me aprisiona.

Estampidos. Sorrisos não dados. Silêncio calado.
Shhhiiiuuuu!




19 de setembro de 2013

Mulheres em matilha

Mulheres parindo.
Mulheres sangrando.
Mulheres amando.
Mulheres criando!
Mulheres, ah, mulheres. 

Tão frágil sozinha porque mulher é bicho que vive em matilha.
Tão forte em grupo!

É, entendo porque temem tanto a força de um útero que sangra e não morre.
Que gera e se fortalece. Dos seios que alimentam, que inundam de amor.

Ah, as mulheres! 

11 de setembro de 2013

Ciranda da Vida

A roda gira, gira sem parar.
A minha está no fim já é hora de acabar.
Fazer uma limpeza é preciso. É preciso tirar a sujeira. Separar o joio do trigo.
Aceitar o que precisa morrer. Só assim o novo vai nascer.
Tudo que morre já nasceu e ainda vai nascer. Tudo que nasce já morreu e ainda vai morrer.
Aceite, se entregue. Entregue as dores e os prazeres. Entregue as lágrimas e os sorrisos.
Aceite a luz que inunda todo o ser. Ela precisa de espaço para viver. 
Vez ou outra as sombras surgirão. Aceite as sombras dê permissão.
Encare as sombras, converse com elas e então as deixe ir.
Tudo que flui permanece limpo. Tudo que corre permanece vivo.
A morte da espaço para vida. E setembro é meu mês de morrer.
Logo é também mês de nascer. 
limpe, separe, destralhe... aceite, se entregue, confie.

miopia d'alma

Meus olhos vêem borrões. Imagem etérea e só. Se esforçam, focam. Forçam um zoom...Nada. Só uma imagem sem cor.
Pego o óculos. Agora vai. Não foi.
Respiro fundo. Tento de novo, puxo a imagem para perto.
Bem perto, a encaro nos olhos. 
Fecho os olhos com força. Abro. Nada.
Distância. Longe. Não reconheço. 
Míope. Míope d1alma. Tão distante de mim que não vê o que meus olhos vêem.
Ou será perto demais para enxergar?
Onde estão os óculos da minha alma?
Quero ver o mundo de verdade.
Estar nele. Senti-lo. Tocá-lo.
Enxergar o que preciso encarar.

Aceitar. Conhecer. Entregar. VER!

O que eu preciso ver dentro para voltar a enxergar para fora?
O que essa alma míope insiste em querer me dizer não me deixando ver?

Me conte. Sussurre nos meus sonhos. Me mostre nos meus dias.

Que eu volte a enxergar a vida fora do peito.